A redução do risco exige a diversidade de sistemas
O Banco Central Brasileiro tem usado ostensivamente o principal remédio que tem em mãos contra o aumento da inflação: a taxa de juros. Elevada em 1% na última quarta-feira, a Selic se afirma na casa dos dois dígitos e alcança 12,75%, maior valor desde janeiro de 2017. E não deve parar por aí: outro aumento, de menor escala, está sinalizado para o meio do ano, e a expectativa do mercado para a taxa de juros ao fim de 2022 e 2023 alcançam, respectivamente, mais de 13% e de 8%.
O resultado mais óbvio desse quadro para o ecossistema financeiro todos sabem: um ganho de atratividade de investimentos em renda fixa em detrimento dos de renda variável. Num ano eleitoral marcado por uma instabilidade econômica global acima da média, se destaca um velho conhecido do investidor brasileiro - a volatilidade - que também contribui para o aumento da atratividade de opções mais previsíveis e estáveis, como a renda fixa.
Investidores experientes sabem, porém, que suas carteiras não são compostas por decisões mutuamente excludentes: a boa estratégia passa pela diversificação, pela combinação de opções de renda fixa e de renda variável. Familiarizado ao risco elevado, o ecossistema financeiro tem sido cada vez mais inventivo e tornado-se cada vez mais amplo, revelando um ganho de maturidade impressionante por parte dos investidores nos últimos anos. O mercado de tecnologia então reage: precisa desenvolver soluções e modalidades de investimento cada vez mais sofisticadas, como, por exemplo, o universo de aplicações financeiras inauguradas pela possibilidade de tokenização de ativos.
Mas como a tecnologia permite a otimização e a diversificação de aplicações tradicionais, como, por exemplo, renda variável e fixa, da qual falávamos? Parece óbvio dizer que toda solução precisa oferecer os recursos e as ferramentas mais apropriadas para cada modalidade de investimento. O futuro é, então, dos “superssistemas”?
Para responder a essa breve pergunta, convidamos André Ng, Partner da 3R Investimentos, gestora de recursos independente sediada em São Paulo. Além de investidor, André é professor dos laboratórios de Risco de Mercado e de Finanças Internacionais do Insper, e Partner da BCINF, empresa de desenvolvimento de software para o ecossistema financeiro.
Quão mais diversos forem os investimentos de uma instituição financeira, mas robusto precisará ser seu sistema, certo?
A lógica habitual é mais simples e dura do que isso: pensando em mercado, há uma percepção geral do cliente de que se ele contratar todos os recursos de que precisa, de um mesmo lugar, num mesmo sistema, vai poder pagar mais barato. É isso que o conduzirá a um sistema “faz-tudo”, sem se atentar ao mais importante - aos processos -, ou seja, as exigências individuais de cada modalidade de investimento, de cada etapa do ciclo da aplicação.
As empresas de tecnologia têm dificuldade na identificação desses processos?
Olha, a dificuldade de boas empresas de tecnologia hoje é formar pessoas que estejam, em primeiro lugar, preocupadas com esses processos. Ou seja, desenvolvedores que não entendam só de tecnologia mas dos principais processos em prática no mercado, que fujam da mentalidade da gambiarra. A falta de maturidade, por parte de ambos os mercados (o financeiro e o de tecnologia), reflete a velha piada do “brasileiro que não lê manual”. A dificuldade exige mudanças de mentalidade - por parte das empresas de tecnologia, que ao invés de quererem desenvolver tudo, precisam ganhar maturidade na construção de processos - e também por parte do ecossistema financeiro, que deve identificar quais são esses processos individuais sobre os quais a tecnologia lhes pode ser muito útil.
Por exemplo…
Na prática o cliente precisa se perguntar: “Qual sistema é o melhor na gestão de ativo e passivo? E qual é melhor para para gestão de risco?”, e repetir essa pergunta para cada processo que lhe for fundamental. Falar num único sistema, no geral, é furada. Depois, levando em conta de cada sistema o que ele faz e faz bem, cabe aos desenvolvedores fazer a integração, permitir que os sistemas comuniquem, oferecendo aos usuários um leque de ferramentas de ponta para cada necessidade.
Bom, essa necessidade de sistemas integrados é um tema que tem aparecido muito aqui no Blog da Investtools. Na prática, o que o mercado perde quando aposta num “sistema faz-tudo”?
Para te falar a verdade, essa aposta [num “sistema faz-tudo”] até me surpreende, porque, para mim, não faz muito sentido. Que cliente gosta de ficar dependente de um único sistema para pacificar múltiplos processos? Por exemplo: você está com um problema X na gestão de risco, e então surge um outro problema Y, mais urgente, no controle de passivo. Imagine ter que aguardar a solução do problema X para poder resolver Y, sendo que as duas coisas são independentes. Por uma questão de mera falta de discernimento entre processos, o atendimento e o senso de urgência podem acabar sendo prejudicados.
André NG | Partner na 3R Investimentos e na BCInf Sistemas
Matheus Manhães | Comunicação na Investtools
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A extensão e as atribuições de cada sistema devem refletir a necessidade de cada usuário, consideradas suas principais demandas e oportunidades de otimização.
O Perform It, solução da Investtools para gestão de fundos de investimento, oferece não apenas funcionalidades-base e módulos diversos, como também dialoga com diversos sistemas e plataformas de uso corrente no mercado.
Não basta oferecer tecnologia ao mercado: é preciso fazer isso com personalidade, considerando caso-a-caso os principais processos em voga no mercado, abastecidos da experiência necessária para resolvê-los. Para cada demanda, há uma solução.
Converse conosco e descubra como otimizar sua gestora com tecnologia.