Assets, wealth e multi-family offices: a tecnologia pensada caso a caso

Com um universo de nichos de investimento, o ecossistema financeiro é capaz de surpreender mesmo os observadores mais fiéis. A Investtools tem mais de dez anos de diálogo com diversas entidades do mercado, e sobretudo com as assets, responsáveis pela maior parte da gestão de fundos de investimento no Brasil. Mas quem se fecha às tendências desse universo pode ignorar movimentos importantes do mercado de gestão. 


Tendo isso em mente, convidamos o gerente comercial da Investtools, Marcus Rosier, para falar sobre tendências da gestão de fundos para além das assets, e como o mercado de tecnologia para finanças tem reagido a isso.


Quando falamos das principais instituições por trás dos fundos de investimento, pensamos logo nas assets. O que há, no geral, além disso?


Quando a gente se depara com o mercado de fundos, normalmente encontramos três entidades distintas. As assets, que são “gestoras puras” (só fazem gestão de fundos) além de wealth e family offices. Qual a diferença de uma gestora para um wealth e uma family? Enquanto a primeira faz gestão de fundos, as outras normalmente têm a dualidade da gestão tanto de patrimônio, quanto de fundos. São as carteiras administradas, que são regidas por regulamentos menos rígidos.


Como assim “menos rígidos”?


Quando pensamos em fundos de investimento, temos que pensar em termos de normas reguladoras. Uma gestora de fundos responderá à CVM e à ANBIMA, que exigirá uma série de regras e atribuições na parte de due diligence, know your client, lavagem de dinheiro e etc. Além disso, há regras que precisam ser seguidas de acordo com o estatuto de cada fundo. São as “regras do jogo”, que precisam ser apresentadas e seguidas. Também é papel do gestor manter um controle sobre as regras desse estatuto, e aí entra uma outra parte fundamental: a parte de compliance e gestão de riscos. É diferente no caso das carteiras administradas, que são passíveis de bem menos exigências regulatórias, apesar do mercado estar caminhando nessa direção. 


E qual é o impacto, no mercado de tecnologia, dessa diferença regulatória entre gestão de fundos de investimento e gestão de carteiras administradas?


A diferença é que houve uma ramificação, uma polarização na forma de desenvolver soluções, as assets de um lado, e os family e wealth-offices do outro. Algumas empresas enxergaram um potencial em atender o mercado de carteiras administradas [dos MFOs e dos wealth-offices] e desenvolveram soluções apropriadas para esse tipo de gestão, com um enfoque voltado sobretudo para a figura do cliente final, para o front, a visualização do cliente final, do investidor. No caso das assets, o papel da visualização está muito mais na mão do gestor, que irá filtrar a informação e mandar para o seu cliente. Mais distantes da figura central do gestor, as ferramentas para carteira administrada são muito menos focadas na parte de controle regulatório, e privilegiam a parte visual, do diálogo com o cliente, trazendo relatórios pelos quais o cliente seja capaz de ver sua posição. Em suma, o output final dessas duas ferramentas é muito diferente. 


No geral, são duas formas diferentes de lidar com a informação, então.


Exatamente. A abordagem das assets privilegia agilizar o processual e garantir a confiabilidade da informação do gestor (garantindo o compliance) - é o output que o gestor quer, que ele precisa - sem isso, ele não vive. Já o gestor de carteira administrada tem como maior dor a necessidade de trazer informação de qualidade para o seu cliente final. Tem algo de regulação, de enquadramento? Tem, é claro. Mas ainda não é a dor central dele. 


As normas regulatórias parecem estar se multiplicando, ficando mais complexas, mirando novos nichos no ecossistema.


É, está acontecendo nas grandes distribuidoras, também… XP, Modal… As distribuidoras que estão colocando suas bandeiras em agentes autônomos que tenham relevância. O agente autônomo começa a ganhar destaque, já tem um bom patrimônio, um escritório de gestão, e muitos hoje têm tamanho para inclusive abrirem fundos e tornarem-se também uma wealth.


Com a ampliação do mercado, então…


É a época da democratização do mercado financeiro. Isso está acontecendo, ano após ano, dá pra ver pelo número de CPFs inscritos na B3. Essa democratização vem acompanhada da necessidade de que os aparatos regulatórios se estendam a empresas sobre as quais não se estenderiam antigamente. A tendência natural da ANBIMA, da CVM, é que sejam mais incisivas sobre as carteiras administradas. Mas ainda não é a realidade de hoje, é a de amanhã. Para resumir, o mercado vai trazer novos players para o universo de fundos, e esses players vão se deparar com os mesmos problemas que as wealths e as familys já se deparam há muito tempo, as mesmas faltas de soluções, as mesmas jornadas polarizadas.


Uma forma de unir as jornadas, aproximar o output voltado ao gestor ao output voltado ao cliente final, é a tendência futura do mercado, então?


Quem desenvolve tecnologia nesse sentido, hoje pensa mesmo em carteira administrada, ou em gestão de fundos. É polarizado, mesmo. As soluções que existem hoje no mercado normalmente atendem muito bem um universo e deixam a desejar no outro. O agente autônomo que só tem carteira administrada, que não tem um fundo, beleza, ele está bem atendido. A gestora tradicional também está bem atendida, o gargalo está nos wealth e family-offices, que misturam essas formas de gestão. Eles se encontram numa sinuca de bico: viram o mercado de tecnologia construir soluções para fundos, para carteiras administradas… Mas nenhuma empresa fez as duas coisas "debaixo do mesmo chapéu”. Foram desenvolvimentos ramificados, ninguém fez os dois. 


Por que não uma solução que atendesse fundos e carteiras administradas?


Porque são duas jornadas muito diferentes! Com enfoques diferentes, tecnologias diferentes. Fazer “puxadinho” para atender superficialmente as duas jornadas de uma vez só, isso é que não dá. Fazer do jeito certo é um grande desafio. 


E dá pra superá-lo?


Sempre dá. Eu diria que há duas formas de fazer isso. Desenvolver uma nova solução, ou seja, um player que já atende um mercado passaria a atender a outro conjuntamente… Nesse caso, seria um longo trabalho, dificílimo. Nós, que trabalhamos com mercado de fundos há anos, sabemos como o mercado muda e uma solução fica obsoleta rapidamente se não for constantemente atualizada. A segunda opção é buscar soluções e plataformas de diferentes players, e que sejam desenvolvidas para ter uma boa conectividade entre si. Soluções que possam ter um bom diálogo, que sejam capazes de trabalhar bem juntas. 


Marcus Rosier | Gerente comercial na Investtools


Matheus Manhães | Comunicação na Investtools


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Ter informações consolidadas em um único lugar permite que um gestor acelere suas entregas, otimize o seu tempo e diga adeus a processos feitos à mão.


Pensando nisso, Investtools Smartbrain estão estabelecendo uma cooperação voltada à integração de sistemas e a otimização da gestão simultânea de carteiras e fundos. A parceria amplia o fornecimento de soluções a gestoras, wealths e family-offices, sofisticando processos de instituições que trabalham, simultaneamente, com gestão de patrimônio e gestão de fundos.


Por meio dessa integração, é possível consolidar as informações relativas às carteiras e aos fundos administrados de um mesmo cliente. As plataformas se comunicam via API (Application Programming Interface), e resultam em relatórios unificados sobre as operações feitas tanto para carteiras como para fundos.


Embora lidem com dados e informações semelhantes, um sistema é voltado para fundos de investimentos (Perform It) e, o outro, para carteiras administradas (Advisor Enterprise). A integração gera mais eficiência para os profissionais, ganho de escala e qualidade nas informações prestadas aos seus clientes.


A contratação de cada uma das plataformas permanece independente para os clientes. No caso de trabalho simultâneo com o Perform It e com o Advisor Enterprise, cada software terá acesso ao atendimento comercial e de backoffice de sua respectiva empresa, especializada nas dores de cada modalidade de investimento.


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